A propósito do artigo: Dez Estratégias de Manipulação para Manter o Público Alienado de Noam Chomski.
Se entendemos que
O PODER, é tudo aquilo que se faz para retirar de um indivíduo ou uma coletividade
sua autonomia, seu livre arbítrio, sua capacidade de definir-se, sua consciência,
então temos aqui, algumas das estratégias de poder do sistema escolar vigente.
1 –
A ESTRATÉGIA CONTEUDISTA
Algumas das conseqüências
da estratégia conteudista na qual o estudante é bombardeado com um tanta
informação como seja possível, é
que esse dilúvio informacional causa uma inundação mental fazendo com que se
sinta cheio de uma multidão de informações insignificantes. Na medida em que
nada do que passa no dia a dia da escola consegue se tornar significativo o estudante tende à distração. Assim, termina por entender que o conhecimento como um todo
é desinteressante.
Manter a atenção
do estudante saturada com muita informação, deveres de casa e provas, faz com
que ele se mantenha longe dos seus verdadeiros interesses de conhecimento. Manter o estudante ocupado permanentemente, sem nenhum tempo para pensar,
o faz desistir dos seus interesses intelectuais e vocacionais.
2 –
CRIAR PROBLEMAS, DEPOIS OFERECER SOLUÇÕES
O método escolar funciona a partir de três axiomas:
Problema – Situação - Reação. Esse processo funciona assim: través do qual cria-se um
problema: por exemplo, a dificuldade de passar no vestibular de uma
universidade pública de qualidade diante da oferta limitada de vagas. Se
estabelece então uma "situação":
a, suposta, necessidade de revisar enorme quantidade de matérias, apresentar inúmeras
avaliações, cumprir horários, pagar mensalidades, com a finalidade de poder
passar no vestibular, etc.). de maneira a gerar uma reação prevista no público: que este aceite silenciosamente as
medidas que se deseja fazer aceitar e se submeta passivamente ao modelo educacional.
3 –
A ESTRATÉGIA DA GRADAÇÃO
Para fazer com que
se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradativamente, a
conta-gotas, por anos consecutivos. É dessa maneira que ao longo de décadas o modelo escolar tem
sido ampliado e implementado de maneira a: aumentar o número de horas de aula,
aumentar o número de disciplinas, aumentar, o número de provas, incrementar a
vigilância e o controle dos estudantes, aumentar o grau de obrigatoriedade do
sistema, aumentar o número de anos, “incluir”no sistema crianças cada vez mais
novas, melhor se menores de um ano de idade, etc.
4 –
A ESTRATÉGIA DO DEFERIDO
Outra maneira de
se fazer aceitar o modelo escolar
vigente é a de apresentá-lo como sendo "difícil, porém necessário", obtendo a aceitação
pública, no momento, de maneira a obter uma situação desejável no futuro. É
mais fácil aceitar o sacrifício imediato ao se ter em mente uma recompensa no
futuro. Primeiro, porque o esforço deve ser realizado imediatamente. Em
seguida, porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar
ingenuamente que "todo sacrifício hoje terá uma recompensa amanhã". A
idéia de que a inclusão não ocorre no presente e se no futuro, como recompensa,
passa a ser aceitável e assim o sistema passa a ser necessário. O sacrifício exigido
não pode, em nenhum caso ser evitado. Isto faz que o público rejeite qualquer idéia de mudança, qualquer
visão que quebre os axiomas do paradigma vigente. Assim o mais aconselhável é
a resignação ao sistema.
5 –
DIRIGIR A PAIS E ESTUDANTES UM DISCURO ABSOLUTAMENTE VERDDEIRO E
INQUESTIONÁVEL.
Os discursos,
argumentos, razões utilizados a favor do modelo escolar e dirigidos ao grande
público são apresentados como se
fossem absolutamente verdadeiros e inquestionáveis. Assim, se cria um consenso segundo o qual o único lugar legítimo para uma criança
é a escola. E qualquer outro lugar se torna suspeito. O mundo fora da escola
vira um deserto educacional. Nem a família, nem a rua, nem a comunidade, nem o
comércio, a industria, as instituições, nem mesmo a natureza, são cenários
aptos para aprender. Se a escola é absolutamente verdadeira, então é também a
única legítima. Assim fica excluída toda e qualquer outra possibilidade e
cria-se um exército de crianças marchando unissonamente para a escola.
6 –
UTILIZAR O ASPECTO LEGAL DE MANEIRA EMOCIONAL MUITO MAIS DO QUE A REFLEXÃO
Fazer uso do
aspecto legal de maneira emocional permite diminuir as possibilidades de análise racional frente ao que
é o sistema escolar. Fica solapado
desta maneira o direito à educação e
firmada a obrigatoriedade da escolarização. Escolarizar e educar, se tornam sinônimos e a Lei está aí
para garantir essa verdade. Termina por entender-se acriticamente que se a
criança está na escola, seu direito à educação está automaticamente
contemplado. Então você se faz
automaticamente responsável. E a
criança se entende incluída.
7 –
MANTER O PÚBLICO NA IGNORÂNCIA E NA MEDIOCRIDADE
Fazer com que o
público seja incapaz de compreender como o sistema escolar é uma tecnologia
utilizadas para seu controle e sua escravidão. Na teoria e no discurso, o sistema escolar é equitativo,
democrático e de qualidade. Porém, a qualidade da educação difere de acordo com
a classe social. Para classes de baixa renda é mais pobre e medíocre, de forma
que as possibilidades de inclusão são menores para elas que para as classes
ricas. Assim, a equidade não passa de uma fantasia. Embora, tanto ricos e pobres terminem vivendo alienadamente.
8 –
ESTIMULAR OS ESTUDANTES A SER COMPLACENTES COM A MEDIOCRIDADE
O sistema escolar
termina por promover e legitimar a
mediocridade ao vincular aprendizado com avaliação. Se é suficiente passar nas provas, é isso que os estudantes
se esforçam por fazer. É como um jogo de vídeo-game, é só persistir que logo o
player vai encontrar o jeito de passar ao estágio seguinte. Se é o suficiente e
o que todo mundo esperava...então não há motivo para saber mais, conhecer mais,
ler mais a respeito de absolutamente nada. Para passar provas é suficiente ter resumos. Basta ler e memorizar
os resumos. Então para que ler livros? Tudo mais, não da o tempo para ler
livros! Ou pior, quem Le livros passa por bobão, é chamado de nerd!
9 –
REFORÇAR A AUTOCULPABILIDADE
Fazer os pais e os
estudantes acreditar que são eles os culpados pelos baixos rendimentos, pelo
desinteresse, pela falta de aprendizado. A própria desgraça é causada pela
insuficiência de sua inteligência, de suas capacidades ou de seus esforços.
Assim, ao invés de rebelar-se contra o sistema escolar, o individuo se auto-desvalida
e culpa-se, o que gera um estado depressivo do qual um dos seus efeitos é a
inibição da sua ação. E, sem ação, não se faz necessário criar outros
paradigmas de educação.
10- DESLEGITIMAR
TODO CONHECIMENTO QUE NÃO TENHA TRÂNSITO DENTRO DO SISTEMA ESCOLAR
Convencer à
população de que o único conhecimento válido só pode ser adquirido na escola e
pela ação dos professores e dos textos escolares. Que os únicos conhecimentos necessários são os oferecidos dentro da escola. Convencer a
população de que no futuro o único conhecimento necessário será o aprendido no
sistema escolar. Que tudo o mais, os saberes dos pais, da comunidade, da
cidade, são ou desnecessários, ou desatualizados, ou falsos, ou insuficientes,
ou perigosos. Destituir de conhecimento a toda pessoa que não tenha titulo de
professor ou que não tenha passado pela universidade. Destituir de conhecimento
à própria criança. Dizer que ela é ignorante. Convencer a população de que o
único caminho legítimo para o conhecimento é a escola, o colégio, a
universidade. Que o único conhecimento verdadeiro é o científico. Se trata de que o individuo
desconfie do que ele pensa e sabe, que a comunidade desconfie do que sabe e
passem a confiar absolutamente no que pode aprender dentro do sistema escolar.
Se trata de esvaziar os indivíduos dos seus meios de adquirir conhecimento e
fazer que aceitem a necessidade de submissão ao sistema escolar. Esse é o meio
de exercer um controle maior sobre
os indivíduos do que os indivíduos e as comunidades sobre si mesmos.
Concordo plenamente , mas infelizmene é um mal necessário a todos !
ResponderExcluirMônica...não existe mal necessário a todos. Por que aceitar isso é como aceitar que a escravidão é necessária, por tanto nada teríamos a pensar nem a fazer. O que é necessário a todos é a educação, e a liberdade de aprendizagem, e o desenvolvimento das nossas habilidades, competências e vocações...e tudo isso passa por outros caminhos diferentes da escolarização. O que temos é que reivindicar a liberdade de escolha para poder trilhar esses caminhos com legitimidade...isso é urgente e sim, um direito profundo.
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